'Quais são os planos para sua empresa daqui quinze anos? Ex-vice-presidente dos Eastados Unidos, Al Gore diz que ‘estarão debaixo de água.'
Tal foi a frase no
material publicitário de uma palestra pública em que participei alguns anos atrás
em São Paulo de Al Gore, organizada pela Câmara de Comércio Americana.
Extremamente desafiadora. Certamente provocante. De modo algum tão exagerada.
O documentário ganhador
de Oscar, “Uma Verdade Inconveniente” quebrou recordes de vendas do gênero. Ele
já tinha feito mais de 1400 apresentações sobre o tema nos dois anos anteriores
para casas cheias no mundo inteiro. A questão é se vamos só escutar ou agir de
acordo com suas implicações.
Qualquer que seja o
caso, vivemos numa época de transformações fundamentais nunca antes vista na
história. As mudanças políticas, econômicas, tecnológicas, culturais e
climáticas fazem parte do mesmo pacote de ventos. É um furacão enorme que leva
indivíduos, organizações e até países num processo constante de redefinição,
reajuste e reposicionamento. Salve-se quem puder é a regra do jogo.
No nível corporativo,
muitas das empresas que figuravam orgulhosamente na lista das maiores e
melhores da revista Fortune apenas a uma década ou duas, não sobreviveram as
tormentas da época atual. Milhões de pessoas foram atiradas para as filas de
desemprego, provocado em grande parte pelos "downsizings" and
"rightsizings" intermináveis. Um exemplo: a taxa de desemprego para
pessoas com menos de 25 anos na Grécia e Espanha atingiu mais de 50% em 2012. No
nível individual, temos sido obrigados a desenvolver nova e mais complexas
competências, só para manter os nossos empregos, algo que não teríamos
imaginado a vinte anos.
A idade do ouro da
indústria já morreu. Apesar de que a comunidade empresarial tenha se
especializada em gerar empregos e riqueza, também tem contribuído de uma forma
muito contundente às disfunções dos sistemas do nosso mundo. O chamado para
deixar de fingir que tudo é apenas 'business as usual' está soando nos nossos
ouvidos. Existe uma real possibilidade que a busca por lideranças empresariais
mais sensíveis às questões de sustentabilidade pode ser tarde demais.
A corrida louca para a
sobrevivência de empresas e países durante os últimos vinte anos deixou
evidências vergonhosas de guerras e conflitos, uma biosfera seriamente
ameaçada, mais se mais pessoas humilhadas e pelo desemprego e/ou pela exclusão
econômica. Muitos daqueles que conseguem manter-se razoavelmente empregados, se
veem agindo contra os seus valores e princípios, ou sobrecarregados e
estressado pelas vidas alucinantemente rápidas e comprimidas. É a hora de repensarmos nossos valores e atitudes.
Do livro "Espírito do líder - Vol. 1" de Ken O'Donnell, Editora Integrare, São Paulo
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