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27 de agosto de 2013

O início da espiritualidade é o espírito ... óbvio


A frase do jesuíta francês Teilhard de Chardin, é um desafio frontal ao pensamento materialista:
"Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana."
Se isso é verdade - que a nossa existência essencial é como espíritos ou almas, então somos eternos, sem começo nem fim. Isto conduz a uma área totalmente inconvencional de exploração. É muito além da ideia popular de que o universo físico passou a existir (de alguma maneira) e que a vida apareceu sobre ele (de alguma maneira) e evoluiu (de alguma maneira) até as suas formas atuais. A alma parece não ter lugar no pensamento Darwiniano. E se somos almas, qual é o significado de assumir um corpo e passando pela experiência humana, especialmente considerando a possibilidade da reencarnação? Ambas as experiências têm de ser relevantes - o espiritual e o humano. Pelo menos, devemos estar abertos a buscar o significado do maior de todas as enigmas da vida - quem sou eu e o que eu estou fazendo aqui?
Ninguém jamais viu uma alma humana através dos olhos. Para provar a sua existência através de meios físicos e instrumentos se provou impossível. Muito pouca informação real tem sido disponível e muito menos provas. Lembro-me de ter lido sobre experiências no final do século 19, no qual pesquisadores nestas questões tentaram capturar a alma escapando do corpo, colocando uma garrafa de vidro sobre a testa. Eles pensaram que o espírito fosse talvez um ser gasoso que poderiam ser capturado e rotulado - aqui jaz a alma do grande fulano. A única prova real só pode haver no laboratório das nossas vidas.

Se a frase acima de Chardin é verdade, então, a nossa identidade mais profunda é como um espírito. Automaticamente, este ‘fato’, (se é) se torna o começo, meio e fim do empenho espiritual. ‘Fim’, porque o que chamamos de morte seria apenas a energia espiritual e consciente, saindo dos limites de seu veículo físico, o corpo. Conhecendo-nos profundamente torna-se também, a porta para relacionamentos significativos com os outros, o Divino e, portanto, a uma vida de maior liberdade. No entanto, é um conceito tão básico e fundamental que muitas vezes esquecemos de prefaciar o que fazemos com essa consciência. Poderíamos até dizer que tudo o que acontece no mundo que se forma em torno de cada um de nós, é um reflexo específico da medida em que entendemos e aceitamos a nós mesmos. Aqueles que chegam a este entendimento tem a chance de mergulhar profundamente naquilo que se move e forma a realidade. Ele se movem alguns passos a mais na escada do autoprogresso.

24 de agosto de 2013

A humildade: a outra face de autorrespeito


Ser capaz de moldar-se em qualquer situação, num estado interno sem ego, indica uma força interior baseada na compreensão e no amor. De fato, a humildade verdadeira não é possível sem que haja o amor espiritual. O pensamento 'eu fiz tal coisa, eu sou bom' é a porta através da qual muitos obstáculos entram. O ego é a semente dos obstáculos, é contar as virtudes do eu e as fraquezas dos outros. O pensamento 'eu sou um instrumento do bem para fazer o bem' fecha esta porta para sempre.
A humildade permite a existência de outras pessoas na plenitude de suas virtudes ou no vazio de seus defeitos, sem ciúme dos seus pontos fortes e sem julgamento de suas fraquezas.
Cada indivíduo é único. O estado de humildade se mostra na imagem de uma árvore com seus galhos tão cheios de frutas que quase alcançam o chão. 
A humildade não significa ser submisso por falta de respeito por si mesmo, mas significa estar tão seguro de suas próprias aquisições espirituais que não custa nada curvar-se. É possível ser como um leão e ainda reconhecer o valor dos outros e da vida. Assim é o outro lado da moeda de autorespeito.


Uma pessoa realmente humilde apaga o fogo da raiva dos outros.


Do livro ‘A Paz Começa com Você’ de Ken O’Donnell (link

23 de agosto de 2013

A verdadeira abundância




De uma entrevista com Ken O’Donnell para a Revista Bons Fluídos “Siga A Trilha Do Dinheiro” de Wilson F. D. Weigl / Milton Trajano.

Nem só da relação de gastos e ganhos se constrói uma vida próspera. A abundância de bens materiais, o reconhecimento profissional, o controle das contas do mês estão profundamente ligados a valores como generosidade e desapego.

K: Como em uma reação de causa e efeito, quando estabelecemos metas menos egoístas e direcionamos nossos talentos para proporcionar bem-estar a outras pessoas, atraímos o que se chama de sorte, ou boa fortuna. Que não é nada além de um sinal de que o Universo retribui o que fazemos pelos outros seres humanos.

Dinheiro traz felicidade?
K: Se essa resposta fosse afirmativa, todos os milionários seriam imensamente felizes e os pobres, que são maioria no planeta, infelizes. Ou o inverso. A associação do dinheiro com a felicidade depende não do quanto dispomos, mas de como usamos e como nos relacionamos com nossos recursos. É claro que uma pessoa de recursos modestos vai ter muitas preocupações, como pagar as contas e a escola dos filhos, mas um rico precisa se proteger por trás de muros, ter carro blindado, seguranças. Segundo essa ótica, um nômade que vive em uma barraca no deserto pode ser muito feliz.

Propósitos que atraem a fortuna
K: Quanto mais elevadas nossas metas, mais o Universo contribui para nossa realização material. Quem persegue objetivos egoístas dificilmente vai conseguir a colaboração dos outros egos, ou seja, de outras pessoas.
Ao contrário, quando desejamos melhorar não só nossa situação financeira mas também a de muita gente, isso faz com que mais energia se mobilize com essa finalidade. Por exemplo, quando penso em abrir um negócio que, além de me dar dinheiro, pode empregar mais gente. Quando temos um propósito útil para o mundo, o mundo sempre arruma um lugar para nós.

A ambição
K: As crianças indianas fazem uma brincadeira em que colocam um macaco frente a um vidro com amendoins no fundo. Tentando agarrar o maior número possível de amendoins, o bicho enche a mão, mas não consegue fazê-la passar pela boca do vidro. Em sua ânsia, por não querer largar os amendoins, se agita, bate o vidro e acaba por quebrá-lo e se machuca. Esse jogo ilustra a necessidade de controlarmos a ambição até o limite saudável. Precisamos realmente de tudo o que queremos? Não estamos gastando energia correndo atrás de meros símbolos de status ou de algo de que não sentimos a mínima falta? Essa deve ser uma reflexão constante, senão corremos o risco de nos darmos mal na ânsia de obter algo a qualquer custo, como faz o macaco.

Senhores ou escravos do dinheiro
K: Na Índia, existe uma expressão que mostra a relação entre o ser humano e a vida material: man, tan, dan. No idioma dos hindus, man quer dizer mente, tan significa corpo, e dhan, riqueza. Eles estão juntos como um cocheiro (man), um cavalo (tan) e carroça (dhan). Esta rima ensina que, dependendo de como focarmos nossas energias físicas e mentais, podemos dirigir bem na estrada da vida ou, se colocarmos a carroça na frente do cavalo, seremos dominada pelo materialismo. A riqueza de verdade é a autocontrole.
Assim como o cocheiro tem que conduzir a carroça, precisamos observar o tempo todo como nossa mente conduz nossas ações com o objetivo de obter riquezas. O perigo é a inversão do man, tan, dhan, quando existe o risco de deixarmos a ganância, o apego e a sede de consumo controlarem nossa vida.

O desapego
K: Temos que saber encontrar o verdadeiro equilíbrio, a sensação de segurança e de suficiência dentro de nós mesmos, e não externamente. Se depositamos todas as nossas expectativas em uma aquisição, em um bem material, ou em qualquer coisa fora de nossos próprios recursos interiores, caso isso falhe ou acabe, perderemos nossa estrutura.
No dicionário, o significado do verbo apegar é estar agarrado, preso, colado a algo ou alguém. Mas isso se revela inútil, principalmente hoje, quando vivemos em uma época de transformações tão rápidas e drásticas, em que precisamos nos sustentar sobre nossas próprias bases internas.

21 de agosto de 2013

Felicidade é a melhor expressão de quem você é realmente



Para criar e manter uma disposição feliz, preciso saber ser positivo. Isso não quer dizer andar com a cabeça nas nuvens achando que tudo é maravilhoso. Enquanto vejo as diversas situações, boas e más, preciso manter a equanimidade. A feiura não me torna feio nem a tristeza me faz triste; os sucessos não inflam o ego nem os fracassos me arrasam. Se é assim, a vida não se alterna entre grandes expectativas e grandes decepções.
Os altos transitórios de alegria, pagos por baixos de depressão na montanha-russa existencial, só levam ao desgaste. O cansaço, o tédio e a solidão são sintomas da incapacidade de extrair felicidade do que é simples. A insatisfação nasce da falta de aproveitamento do que nós já temos.
Algumas dicas:
  • Observe suas especialidades e as dos outros e encoraje-as conscientemente.
  • Aproveite os momentos em que você está só para acessar seu próprio fundo interior de felicidade.
  • Lembre que o sucesso é uma combinação de entusiasmo e determinação.
  • Náo tente ser alguém que você não é; seja o melhor você que poderá ser.
  • Se você for divertido, tudo poderá ser também. Seja sério só quando realmente precisa ser.
A felicidade não é uma conquista, mas é a epressão do estado interno da alma.

Fonte: "Reflexões para uma vida plena”, de Ken O’Donnell. Integrare Editora, Sao Paulo.

20 de agosto de 2013

Mais links de entrevistas e palestras em português

1.      Entrevista Ken O'Donnell: o líder que está no topo das empresas
http://www.youtube.com/watch?v=eO8fPtlH-TM

Entrevista no programa de Mercado Ético com Cristina Carvalho Pinto
Parte 1:
http://www.youtube.com/watch?v=OiovX9gpwUA
Parte 2:
http://www.youtube.com/watch?v=0-m_RYKRAlY
Parte 3:
http://www.youtube.com/watch?v=8HmhU4meIE0

Alguns links para palestras ou entrevistas de Ken O'Donnell

Ao longo do tempo vamos acumulando momentos de interação com o mundo através de palestras e entrevistas. Várias pessoas me comentaram que devo informar o público sobre os mesmos. Aqui estão algumas:

1.      CBN - Mundo Corporativo: Entrevista com Ken O`Donnell
http://www.youtube.com/watch?v=tECj6zKte18

3.      Entrevista com Ken O´Donnell para o L´aura Portal – Partes  1 e 2
http://www.youtube.com/watch?v=6-Bx8VE8_Ww
http://www.youtube.com/watch?v=ineRLCJNqHA


4.      Palestra com Ken O' Donnell tema " Transformação do Planeta  Você
http://www.youtube.com/watch?v=UjO2RooFNKo


7 de agosto de 2013

O Homem versus a Natureza?

São Paulo, uma das maiores cidades do mundo, vista de uma floresta próxima

Parece incrível que mais de 80 anos após as implicações da física quântica terem   quebrado o pensamento clássico, muitos ainda consideram o universo de objetos e pessoas como um sistema estático e linear, feito de pequenos blocos discretos que podem ser observados e, portanto, controlados de uma forma perfeitamente previsível . A falha básica deste velho paradigma está em imaginar que por compreender as coisas que podemos impor a ordem sobre elas. O menor tremor da terra desmonta essa ilusão.
Este tipo de antropocentrismo é uma das principais razões por nosso afastamento da natureza como ela realmente é – vibrante, comovente, viva e interativa, desintegrando-se e organizando-se continuamente. O divórcio entre a natureza interna do ser humano e a Natureza física, consideravelmente reforçado ao longo dos últimos 300 anos, quase conseguiu destruir o nosso planeta – quase, mas não completamente.
Uma tarde numa praia deserta. Um pôr do sol visto de uma montanha majestosa. Uma caminhada numa floresta virgem. Quem não sente uma identificação com a beleza dos elementos da natureza? A dicotomia do morador dos grandes centros urbanos, é que o fim de semana termina e as férias o arremessam de volta ao seu posto de trabalho de onde fica contemplando esta 'natureza' que só existe longe dos barulhos e cheiros dos centros urbanos. Muitos permanecem apenas no nível deste sonho tão bem representado pela letra da música de Elís Regina - "Eu quero uma casa no campo, Onde eu possa ficar no tamanho da paz..."  Pelo menos contam os dias até a próxima oportunidade surge para 'voltar' para a natureza.
A natureza é vista de forma romântica como uma utopia que contrasta com a distopia das manchas urbanas e seu materialismo frenético. A busca do "selvagem nobre" de Rousseau que vive harmoniosamente com a natureza e livre de egoísmo inspira o fundamentalista ambiental até hoje.
Do outro lado, a visão antropocêntrica e infelizmente vigente, é que o homem, sendo a peça principal da criação, tem o direito de explorar ad infinitum, os recursos da natureza, que lhe foram predestinados por algum decreto divino. Porém, não podemos negar que as outras espécies têm seu lugar. Há mais micróbios em um centímetro cúbico de terra que houve de seres humanos em todo a sua história!
Só recentemente, começamos a questionar estas duas posições extremas para encontrar um ponto de equilíbrio entre a sustentabilidade eo desenvolvimento, que até agora têm vivido em contradição uma com a outras. Empresários, políticos, cientistas, ONGs e cidadãos comuns "tentam" fazer uma ponte entre a preservação da beleza inerente do nosso planeta e o uso racional de seus recursos. Mas, como algun filósofo  moderno disse: "tentar, muitas vezes é uma forma preguiçosa de não fazer nada".
A principal dificuldade é que a dialética de ambos os extremos de nossas obrigações sobre a natureza está  equivocada. Não é o homem contra a Natureza ou que ele estava sempre brigando com ela e agora tem que se vestir de uma outra mentalidade para 'salvá-la'. Nossos corpos são feitos dos mesmos elementos que formam a Natureza. É o ar, a água e o alimento que nos fornecem cada molécula. As cidades são a Natureza transformada - as pedras que se tornam cimento, as árvores que se convertem em vigas, as antigas florestas que acabaram em petróleo e mais tarde em plástico. Portanto, a Natureza não é algo que começa onde as cidades terminam.
Vale a pena, neste momento, refletir sobre as implicações da física quântica na nossa visão do mundo. Há mais de 80 anos, ela abandou a divisão entre o observador (tipicamente um ser humano) e o observado (tipicamente a matéria inanimada). Os dois formam um todo. Um influencia o outro. Evidentemente, isso não se refere apenas à matéria, mas o que fazemos com ela e uns com os outros na construção de uma sociedade.
Enquanto continuamos a enxergar natureza como algo separada, um sujeito passivo como um paciente inconsciente numa mesa de operação, não vamos entender a profundidade da kinterrelação e da interdependência entre nós e nosso planeta que é um casamento de longa data. A dança entre o observador e o observado, implica que os problemas externos na natureza e na sociedade são manifestações da contaminação e da confusão que reinam dentro de nós. São inseparáveis.
E a propósito, quantos dias faltam até voltar para aquela praia?

Do livro, O Espírito do Líder, Integrare Editora, São Paulo, 2008
Por Ken O'Donnell

5 de agosto de 2013

II. A Inteligência Espiritual - escrito em 1996!


Se a nossa inteligência se encontra dominada muitas vezes pelo estado emocional, as emoções por sua vez recebem suas chamadas de atenção por parte da razão. Por exemplo, numa manhã fria de inverno o despertador toca. O diálogo entre a razão e a emoção começa:
Emoção — Está muito frio hoje e tão quentinho na cama. Quero ficar só mais cinco minutos.
Razão — Não! É a hora de levantar. A última vez que você queria só mais cinco minutos dormiu mais uma hora e chegou atrasado no trabalho.
Emoção — Por favor hoje é frio demais. Não tem tanta pressa assim. Afinal dormi muito tarde ontem.
Razão — Não! Levante-se seu preguiçoso.
Emoção — Por favor só mais dois minutos . . .
É assim que o diálogo interno prossegue muitas vezes. O querer (emoção) e o saber (razão) se digladiam no campo da mente usando os registros do subconsciente para amparar seus respetivos argumentos. Queremos o que sabemos que não é bom para nós. Sabemos de muitas coisas que não queremos saber. Assim nasce o conflito que só termina quando há força espiritual no comando e não o ego confuso, enfraquecido e sobrecarregado.
Proponho aqui um Quociente Espiritual (Q.Esp.) que é justamente aquilo que pode dar orientação e força ao intelecto e preenchimento e tranqüilidade à mente.
Se é a inteligência racional que me ajuda em administrar coisas e a sensibilidade emocional que me auxilia em lidar com outros seres humanos é a minha dose de espiritualidade que me salva dos excessos das outros duas.
Ao invés de uma série de perguntas e respostas do tipo usado para calcular o Q.I. e o Q.E., o Q. Esp. pode ser computado automaticamente pela aplicação de alguns critérios em relação a efetividade da minha vida. Por exemplo:

  • Estou gastando mais tempo, energia, dinheiro e pensamentos que preciso gastar para obter os resultados que tenho?
  • Eu consigo manter o respeito bilateral nos meus relacionamentos?
  • Eu faço um jogo limpo quando estou trabalhando com outros?
  • Eu mantenho a minha dignidade enquanto respeitando a dignidade dos outros?
  • Eu me sinto tranqüilo apesar de ter muito a fazer?
  • Eu sou sensato nas minhas decisões?
  • Eu permaneço estável numa situação de transtornos?
  • Eu percebo mais as virtudes das pessoas que os seus defeitos?

Estas e mais outras perguntas poderiam servir de base para calcular um Q. Esp. Se a maioria das respostas são sim, certamente você tem uma parcela de espiritualidade bem desenvolvida.

Este artigo é do meu livro "Endoquality: As Dimensões Emocionais e Espirituais do Ser Humano nas Organizações", publicado pela Editora Casa da Qualidade (1997). Foi neste livro que introduzi a Inteligência Espiritual, a primeira vez que apareceu o conceito num livro, pelo menos no Brasil. No mesmo ano saiu o livro "Rewiring the Corporate Brain" de Danah Zohar no qual ela falou da Inteligência Espiritual. Só cheguei a ver este livro anos depois. Definitivamente a sincronicidade estava acontecendo.