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24 de julho de 2013

Visão futura, ação presente (Parte 1)



'Quais são os planos para sua empresa daqui quinze anos? Ex-vice-presidente dos Eastados Unidos, Al Gore diz que ‘estarão debaixo de água.'
Tal foi a frase no material publicitário de uma palestra pública em que participei alguns anos atrás em São Paulo de Al Gore, organizada pela Câmara de Comércio Americana. Extremamente desafiadora. Certamente provocante. De modo algum tão exagerada.
O documentário ganhador de Oscar, “Uma Verdade Inconveniente” quebrou recordes de vendas do gênero. Ele já tinha feito mais de 1400 apresentações sobre o tema nos dois anos anteriores para casas cheias no mundo inteiro. A questão é se vamos só escutar ou agir de acordo com suas implicações.
Qualquer que seja o caso, vivemos numa época de transformações fundamentais nunca antes vista na história. As mudanças políticas, econômicas, tecnológicas, culturais e climáticas fazem parte do mesmo pacote de ventos. É um furacão enorme que leva indivíduos, organizações e até países num processo constante de redefinição, reajuste e reposicionamento. Salve-se quem puder é a regra do jogo.
No nível corporativo, muitas das empresas que figuravam orgulhosamente na lista das maiores e melhores da revista Fortune apenas a uma década ou duas, não sobreviveram as tormentas da época atual. Milhões de pessoas foram atiradas para as filas de desemprego, provocado em grande parte pelos "downsizings" and "rightsizings" intermináveis. Um exemplo: a taxa de desemprego para pessoas com menos de 25 anos na Grécia e Espanha atingiu mais de 50% em 2012. No nível individual, temos sido obrigados a desenvolver nova e mais complexas competências, só para manter os nossos empregos, algo que não teríamos imaginado a vinte anos.
A idade do ouro da indústria já morreu. Apesar de que a comunidade empresarial tenha se especializada em gerar empregos e riqueza, também tem contribuído de uma forma muito contundente às disfunções dos sistemas do nosso mundo. O chamado para deixar de fingir que tudo é apenas 'business as usual' está soando nos nossos ouvidos. Existe uma real possibilidade que a busca por lideranças empresariais mais sensíveis às questões de sustentabilidade pode ser tarde demais.
A corrida louca para a sobrevivência de empresas e países durante os últimos vinte anos deixou evidências vergonhosas de guerras e conflitos, uma biosfera seriamente ameaçada, mais se mais pessoas humilhadas e pelo desemprego e/ou pela exclusão econômica. Muitos daqueles que conseguem manter-se razoavelmente empregados, se veem agindo contra os seus valores e princípios, ou sobrecarregados e estressado pelas vidas alucinantemente rápidas e comprimidas. É a hora de repensarmos nossos valores e atitudes.

Do livro "Espírito do líder - Vol. 1" de Ken O'Donnell, Editora Integrare, São Paulo