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18 de maio de 2015

Quem nos dá o 'direito' de perder a calma? (Parte 2)


No meu post anterior, eu compartilhei sobre como concedemos a nós mesmos o direito de ficarmos irritados. Ninguém mais faz isso por nós. A  "raiva justificada", que nos acompanha tornou-se de tal forma incorporada em nossa cultura que quase ninguém questiona isso. Ninguém nem aprecia seus próprios aborrecimentos, muito menos os dos outros. É simplesmente aceito como parte da escola de pensamento que "errar é humano". Nem mesmo acreditamos que é possível mudar o que é realmente apenas um hábito profundamente arraigado.
Se assistimos um filme esperamos automaticamente que o vilão perca tudo, que seja morto ou ferido. Se vemos alguém que está sendo tratado injustamente desejamos que eles consiga devolver o troco. Celebramos internamente a derrota dos nossos inimigos, enquanto murmuramos palavras de comiseração. Em geral, há muitos fatores, do passado, presente e futuro que contribuem para qualquer situação. Uma mera leitura superficial não irá revelar as verdades mais profundas que cercam os fatos aparentes. Compreendê-los nos ajudaria a responder com mais calma.
Há uma história que circulava há vários anos sobre um pai e seus três filhos em um trem suburbano em Long Island, Nova York. Ele estava sentado cabisbaixo e triste, totalmente inconsciente de que seus filhos estavam correndo para lá e para cá no corredor aprontando todo tipo de travessuras. Como as pessoas estavam voltando para casa do seu longo dia de trabalho, elas só queria um pouco de paz e tranquilidade para cochilar ou ler.
Os primeiros sinais de irritação apareceram no murmúrio de comentários negativos entre os passageiros. Aos poucos, alguns elevaram seu tom de voz: "Você não pode dar um jeito para controlar essas crianças?" Mas, nem o pai nem os filhos davam a menor atenção. Elas começaram a correr e pular ainda mais.
Finalmente, a mulher atrás dele bateu agressivamente na parte de trás de seu assento com sua guarda-chuva. "Senhor, por favor, faça algo com seus filhos. Você não percebe que estamos extremamente incomodados?"
Ele se virou tristemente e respondeu: "Eu realmente sinto muito, senhora. Acabamos de sair do hospital. Minha esposa morreu esta tarde. Estou um pouco perdido e não sei o que fazer."
A mulher então, anunciou aos outros passageiros o que tinha acontecido. Imediatamente eles se juntaram às crianças e começaram a brincar com elas.
De maneira semelhante, há circunstâncias atenuantes em torno de muitas das coisas que nos incomodam. O problema é que não enxergamos as necessidades dos outros, apenas as nossas próprias.
A indignação é apenas o ego com um halo. O ego finge ser tudo, mas não traz nada a não ser o incomodo.